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Fascismo avança apoiado por grupos religiosos fundamentalistas

Multiplicam-se os casos de censura sobre obras, artistas e manifestações culturais. Militares saem da ca(v)serna pela "volta dos bons costumes".

“Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7)

Multiplicam-se os casos de censura sobre obras, artistas e manifestações culturais. Militares saem da ca(v)serna pela “volta dos bons costumes”. Como diz obra apreendida pela polícia: “O machismo mata, violenta, humilha”. Até quanto vamos permitir tal retrocesso?

A escalada fascista, iniciada ainda nos protestos de 2013 quando grupos batiam em manifestantes de esquerda gritando “SEM PARTIDO”, tem se acelerado de maneira incrível após a consolidação do golpe em 2016. Na sexta-feira, 15 de setembro, tivemos um general em loja maçônica pregando abertamente uma intervenção militar para “resolver o problema político”, (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-09-17/intervencao-militar.html). Antes, o Museu de Arte de São Paulo – MASP já havia colocado cortinas negras sobre obras eróticas do pintor Pedro Correia de Araújo para “evitar a luz” (https://www.revistaforum.com.br/2017/09/16/masp-usa-pano-preto-sobre-tela-erotica-em-exposicao/)

Obra da mostra “Pedro Correia de Araújo – Erótica”. Panos negros sobre “a carne mais barato do mercado”.

Na quinta-feira passada, outra exposição de arte (a primeira foi a Queermuseu em Porto Alegre – https://jornalistaslivres.org/2017/09/fascistas-forcam-encerramento-de-exposicao-de-arte-em-porto-alegre/ – e dias depois o pré-candidato a presidente chamado de “mito” pelos seus seguidores acéfalos falou abertamente na gravação de um programa de TV que os “autores da exposição deveriam ser fuzilados”. Sim, ele diz que é “força de expressão” mas repete diversas vezes: FUZILADOS https://youtu.be/87lpZzgG38g) foi censurada em Campo Grande por pedido de deputados estaduais e teve um quadro APREENDIDO pela polícia por “incentivar a pedofilia”. Detalhe, a obra da artista de Uberlândia Alessandra Cunha, com o título Pedofilia, traz de maneira invertida (como que refletida no espelho em que um grande olho observa uma menina) por duas vezes a frase: “O machismo mata, violenta e humilha”. Veja a obra abaixo e matéria sobre a censura e apreensão em https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/policia-ve-incentivo-a-pedofilia-e-apreende-quadro-exposto-no-marco

Obra “Pedofilia”, de Alessandra Cunha . A frase “O machismo mata, violenta e humilha” é apologia a crime?

Enquanto isso, juiz atende a pedido da TFP (TE EFE PÊ!!! a velha Tradição, Família e Propriedade que liderou em 1964 e 2014 marchas que anteciparam dois golpes de estado – veja por exemplo a cobertura da versão 2014 em https://brasilmais40.wordpress.com/2014/03/26/a-volta-dos-que-nao-foram/) e proíbe exibição de peça de teatro que estava em cartaz há um ano em diversas cidades, festivais e espaços alternativos. Não sei se é 1964 ou 1968. Mas definitivamente não estamos em 2017, não é possível.

A atriz Renata Carvalho em cena da peça “Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu”. Quem vai atirar a primeira pedra?

“Uma peça cuja sinopse prometia contar a história de “Jesus na pele de um travesti” foi cancelada por uma liminar, acusada de “crime contra o sentimento religioso”. O monólogo Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu seria apresentado no Sesc Jundiaí, em São Paulo. Segundo a produção, congregações religiosas, políticos e a organização Tradição, Família e Propriedade se articularam e fizeram o pedido, acolhido pela Justiça. Na liminar, obtida pela Bravo!, o juiz escreve que a peça é “atentatória à dignidade da fé cristã, na qual JESUS CRISTO não é uma imagem e muito menos um objetivo de adoração apenas, mas sim O FILHO DE DEUS”. As maiúsculas são do texto original.” https://medium.com/revista-bravo/liminar-veta-peça-com-jesus-trans-103e0b714028

No dia 18 de setembro, tivemos um juiz de primeira instância dando liminar para a volta da “cura gay” (http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/juiz-acaba-de-liberar-a-cura-gay-afinal-o-que-ha-de-tao-controverso-com-isso.phtml#.WcE47bzyuRs), contra a resolução de 1999 do Conselho Federal de Medicina que diz: “Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados’. E também: “os psicólogos não exercerão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”. Em 1981, o Conselho Europeu emitiu uma resolução exortando seus membros a descriminalizar a homossexualidade. Em 1990, a Organização Mundial de Saúde declarou que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. Três anos depois, a nova classificação entrou em vigor nos países-membros nas Nações Unidas. Ou seja, numa única canetada jurídica, o Brasil retrocede 27 anos!

No dia seguinte, 19 de outubro, outra obra foi censurada em uma exposição, dessa vez em Cuiabá, capital do Mato Grosso. O quadro que dizia “Crack is Wack”, que significa que o crack é ruim, pintado pelo artista Gervane de Paula, foi denunciado como impróprio por um cliente do Shopping Pantanal, onde há 20 dias fazia parte da mostra “Eu Amo Cuiabá” e imediatamente retirado da mostra pela direção do centro empresarial. De Paula e outros artistas da mostra ficaram indignados e podem retirar seus quadros da exibição. (https://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/tela-que-retrata-usuarios-de-droga-e-retirada-de-exposicao-em-cuiaba-apos-polemica.ghtml?utm_source=meio&utm_medium=email)

Onde em todas essas manifestações “pela família brasileira” estão os dois princípios máximos do cristianismo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao PRÓXIMO COMO A TI MESMO”?

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